domingo, 21 de maio de 2017

24

Eu havia me esquecido completamente desse blog.

Bom, deixa eu lembrar o que aconteceu... acho que no dia 18 ou 17 de setembro eu fui demitido do meu último emprego como farmacêutico, na drogaria Carrefour. Foi um dos piores empregos que eu tive na minha vida e eu até hoje sinto um pouco de raiva quando passo na frente de um dos mercados da rede. Foi bem vindo na verdade, eu tava de saco cheio...

No dia 19 de Setembro eu fui num show do CJ Ramone, um dos meu meus Ramones preferidos, com a intenção clara de ver Strength to Endure ao vivo. Não falhei.


Nesse show eu lembro que conheci um cara que trabalhava em um Iate, e ele me falou que como eu já tinha inglês, a probabilidade de conseguir um emprego (caso me tentasse) seria de praticamente 100%. Trocamos contatos e ele me deu várias dicas. Estava animado e me sentindo com muita sorte de ter topado com a oportunidade tão inesperadamente. Nesse show também eu descobri que um cara que eu julgava amigo era um filho da puta, não o vejo mais. E também arrebentei o tendão patelar enquanto dançava uma das músicas. Eu voltei pra casa dirigindo depois do show, com a minha perna pendurada, e dei carona pro cara que era meu amigo e eu descobri ser filho da puta. Ele me negou o ombro pra me ajudar a chegar no carro, e eu espero realmente que muita infelicidade venha pra vida dele e que ele se foda.

Por causa do joelho eu fiquei 20 dias internado em um hospital, e descobri que auxiliares de enfermagem podem ser competentes e incompetentes, e ambas as categorias acho que existem em números meio que equivalentes. A temporada no hospital foi  suportável porque eu pude ficar em um quarto individual e tinha meu laptop ao alcance da mão. Eu nem precisava ficar 20 dias internado, mas o plano de saúde não queria liberar exames e cirurgias... muito burocrático e de certa forma até nefasto, ainda bem a que a Unimed Paulistana não existe mais.

Depois da cirurgia eu pensava no que deveria fazer... o lance do Iate já era, esse barco já havia partido. E eu fiquei 4 meses esperando pra me recuperar pelo menos de forma prática, pra poder ser independente e ter a liberdade de ir e vir. Mesmo assim depois da cirurgia eu fiquei um tempão com medo de estourar o joelho de novo. Pois bem, quando já estava ok resolvi que podia muito bem dar aulas de inglês. Eu já tava de saco cheio de farmácia e não queria mesmo voltar a fazer isso. Fiz o treinamento do CCAA e tava odiando tudo relacionado ao método, uma das coisas mais burras que eu já vi na vida. Não fui chamado.

Mas fui chamado por outra, e comecei a trabalhar de novo, dessa vez... dando aulas de inglês, como professor. Entenda: quando criança eu sempre tremia frente a ideia de lecionar. Pensava "como essas pessoas conseguem? mal pagas, desrespeitadas, horários malucos... por que insistem?". O treinamento foi interessante, ministrado em dois locais diferentes, por duas pessoas radicalmente impares. Um cara era bem gente fina, humano mesmo, bem simpático (no Alphaville), e o outro era um gravatinha bem sem educação e metido a bully (isso na Rua Sapetuba, aqui na Zona Oeste em SP). Eu achei que não ia ser contratado, mas no final fui (porque eles precisavam de segurança... melhor chamar pro caso de alguém resolver sair). Eles não confiavam muito em mim e isso era bem claro. Meus colegas eram gente de faculdade, uma cineasta (lésbica, linda, bem massa ela), uma filósofa (espero que esteja morta), um uspiano (sei lá que fim levou, era gente fina mas socially awkward pra cacete) e uma colombiana artista (fiquei até que próximo dela, mas não falo mais faz um bom tempo). Meu primeiro mês foi bem difícil, mas eu não tinha nada melhor pra fazer e continuava me recuperando. Eu sempre achava que ia ser demitido, mas não fui. Era uma época ainda muito boa pra escolas de inglês, Tinha muito aluno.

No começo eu trabalhava nessa escola da Sapetuba e dava algumas aulas em outra, mais no Bonfiglioli. Na da Sapetuba rolava um clima meio de insegurança e competição. No Bonfiglioli era de descontração e camaradagem. O chefe da Sapetuba era um cara cheio de regras esdrúxulas, extremamente detalhista e chato... o chefe do Bonfiglioli era incompetente e foi demitido, então a gente... meio que não tinha chefe. Só senso de responsabilidade. Era tosco mas funcionava. O tipo de alunos era diferente também. No Bonfiglioli gente do bairro. Na Sapetuba, gente de terno. Non Bonfiglioli conversas, na Sapetuba julgamentos. Eu pedi transferência pro Bonfiglioli depois de três meses, e a desculpa que dei é a de que era mais perto de casa (e eu já dava mais aulas lá mesmo), mas a razão real é a de que a Sapetuba era um lixo de lugar e eu queria distância de lá. Fiz bem, mais dois meses e a Sapetuba fechou.

Agora lembrando, as escolas tinham mesmo muitos alunos... eu só consegui fazer essa transferência (esqueci de comentas que elas faziam parte do mesmo grupo de franqueados) porque tava sobrando aluno e faltando professor. Lembro agora que nesse módulo na Sapetuba eu conheci um aluno que era farmacêutico, que teve umas três crises nervosas causadas por stress. Sempre me fazia pensar a respeito da minha graduação....

Enfim, eu fui bem feliz no Bonfiglioli... as pessoas eram genuinamente legais lá. Eu pedi demissão daquele lugar faz coisa de 1 ano e meio, mas voltei faz 1 ano (??). Não sei se fico até o final, porque os tempos são outros...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

23


bastante tempo atrás, lembro um dia que tava de bobeira à tarde vendo televisão. levaram uma modelo pra um desses programas malucos da Record ou da Gazeta, e ficaram alardeando que ela tinha a incrível habilidade de comer arroz e feijão com danoninho.

depois de discutirem um pouco o assunto realmente a serviram com um prato de arroz e feijão e um pote de danoninho. ela misturou o danoninho com o arroz e feijão e ficou lá comendo, e falando qual era a sensação de comer tal coisa. a apresentadora ficava do lado olhando e fazendo cara de nojo.

sábado, 30 de junho de 2012

22

Eu tenho uma bicicleta quebrada e nenhum carro.

Estou desempregado desde Fevereiro com perspectiva de arrumar um emprego logo mais agora em Julho. Sendo assim eu fico pensando em como vou ocupar minhas horas nos dias de folga. Estranho como eu sempre penso em ocupar esse tempo dirigindo (em um carro barato que eu planejo arrumar) ou andando de bicicleta (na minha bicicleta que eu vou consertar). Não que eu esteja me dirigindo pra algum lugar em especial, eu só penso em me guiar mesmo. Escutando música. Ou rádio.

Vai ver eu não tenho muita imaginação quanto a como gastar minha vida.

sábado, 2 de junho de 2012

21


A parte mais engraçada de crescer é perceber o seguinte... quando crianças somos todos mais ou menos iguais, porque temos mais ou menos o mesmo dia. Todos fazemos exatamente a mesma coisa todos os dias, vamos à escola. E vemos as mesmas coisas na escola, as mesmas aulas, temos os mesmos horários, temos muitos gostos em comum. Nossos gostos são limitados por brincadeiras e programas de tv, é tudo muito básico, bem limitado. Porque a nossa vida é bem limitada.

Quando adolescentes, começamos a notar o mundo à nossa volta um pouco mais a fundo. Começamos a nos distanciar um dos outros em relação às nossas ocupações diárias. Alguns desenvolvem hobbies, outros arrumam empregos... as opiniões de nossos pais não têm mais tanta importância assim. Claro que ainda somos influenciados pelos adultos, mas começamos a perceber que existem outras pessoas no mundo fora do círculo familiar, e que essas pessoas podem ter opiniões dferentes sobre diversos assuntos, opiniões diferentes das apresentadas pelos nossos pais. A partir daí começamos a definir melhor nossas personalidades e fazer nossas escolhas. Aprendemos também que essas escolhas trazem conseqüências tanto para nós quanto para quem nos cerca, e também define como somos percebidos. Também percebemos, olhando pra outros adultos o que é "ruim" e o que é "bom", criticando alguns comportamentos inclusive.

E quando somos adultos, inevitavelmente nos entregamos a moldes. Sempre, sem excessões. Os que eram adultos nos parecem serem imutáveis, quase como se tivessem nascido com aquela personalidade. Mas as pessoas da mesma faixa etária vão cada vez mais rápido tomando uma forma específica.

É isso que eu acho mais engraçado. Perceber que aqueles seus amigos que quando criança tinham tanto em comum com você, de repente são um tipo específico de adulto. Às vezes até se encaixando num padrão que você enquanto adolescente adotou como "ruim". Várias vezes surpreendendo e muito, "uau, quem diria quefulano(a) ia ficar assim".

Andei achando uma galera com quem estudei no colégio no facebook. Não adicionei ninguém, outra vida.

sábado, 19 de maio de 2012

20


Ok então, MCA está morto.

Vários dias depois ainda me pego pensando a respeito, não com tristeza ou dor. Eu nunca choro quando as pessoas morrem, e não é agora que eu vou começar. Fiquei triste claro, mas me conforto em saber que as crenças do MCA viam a morte muito mais como uma passagem que um adeus, isso provavelmente tornou a transição um pouco mais fácil por parte dele. Mas os Beastie Boys foram uma das minhas bandas preferidas em toda a minha vida, e hoje comecei a lembrar como foram meus primeiros contatos, e como foi minha época de obcessão pelo grupo. Ok então, para uma retrospectiva.

Acho que a primeira vez que realmente reparei no serviço que os caras faziam foi com o clipe Sabotage, que vira e mexe passava na MTV. Comecei a ver a MTV no horário do almoço por volta de 1996, época o teleguiado com o Cazé, que era um programa aleatório o suficiente pra me fazer ter contato com diferentes estilos musicais. Em um programa você poderia escutar desde New Kids on the Block até Emperor. Isso porque era a audiência quem fazia o programa, as pessoas se inscreviam pra receber uma ligação, e então conversavam com o Cazé sobre um assunto específico, pediam um videoclipe e parará. Sabotage era um clipe muito pedido na época, o video é muito divertido, você acaba querendo ver aquele seriado e amaldiçoa o fato de ele não existir.

Infelizmente na época eu era fanático por Sepultura, e não conseguia processar bem nada sem o típico vocal thrash-metal. Ainda mais Beastie Boys, que faziam um punk rock rasgado com vocal fino gritado, hehe! Eu era jovem e cheio de preconceitos. Não que eu não gostasse da música, era só algo que eu não estava afim de ouvir na época. Não era algo que me causava repúdio, eu simplesmente achava "legal" e ficava por isso mesmo. Graças a isso perdi o excelente show deles em 1996 em SP, lendário, fãs comentam até hoje. Bom, eu era muito jovem, não ia conseguir ir também.

Corta pra uns 2 anos depois. Horizontes musicais um pouco mais abertos, e Hello Nasty foi lançado. Com ele, as músicas de trabalho Intergalactic, seguida de Body Movin'. E foi graças ao remix hipnotizante de Body Movin' feito por Fatboy Slim que eu me viciei. Era dançante, tinha bons samples, bom flow... estava QUASE conquistado. A conquista de fato se fez alguns meses depois quando um amigo emprestou Hello Nasty, o cd, e uma fita k7 (UAU) com várias músicas do Ill Communication. Poucas semanas depois comprei minha cópia (não sem antes danificar completamente o cd desse meu amigo, peço desculpas) e a escutei por muito tempo. Cheguei a decorar as letras, é um excelente disco. Na verdade nesse momento estou escutando à versão original de Body Movin', balançando e recitando a letra que eu lembro até hoje. Porra, goosebumps, sérião. É muito difícil pegar uma música preferida nesse disco, que respeita de fato o termo ALBUM. Ele funciona muito bem se tocado de cabo a rabo, tudo se encaixa, é o melhor disco feito pelos caras (na minha opinião). Tem algumas que são muito aliens, tipo Picture This, Song For Junior, Song for the Man, And Me, a LINDA Instant Death...

até a capa faz sentido no contexto, juro

Mais alguns meses depois arrumei o Ill Communication. ESSE SIM, é o que tem Sabotage. E não foi surpresa nenhuma ver que Sabotage era só mais uma música no disco, uma que é tão diferente de todas as outras que chega a ser engraçado. Se dois anos antes eu tivesse tido a curiosidade de pegar esse disco numa loja pra ouvir e ver como era, provavelmente teria ficado completamente confuso com as misturas feitas nas músicas. Um destaque vai pras duas faixas que têm samples de cantos de monges tibetanos (Shamballa e Bodhisattva Vow), Root Down, Get it Together, e mais um monte pra falar a verdade...

esse maluco é a cara do Jake Blues, 50% dos Blues Brothers não é?

Agora pra Check your head. Esse eu não comprei de cara, eu aluguei primeiro (lembra das locadoras de cd?). Acho que nunca foi lançado de fato no Brasil, então não era lá muito fácil de ser achado. Era a impressão que eu tinha ao menos, nunca o via nas grandes lojas, e na verdade o comprei usado no Shopping Grandes Galerias, uma cópia perfeita sem um risco sequer. Eu disse que Hello Narty era o melhor disco feito pelos caras, e é mesmo. Mas Check Your Head é meu favorito. Tem tudo o que eu gosto, doses cavalares de funk, hardcores velozes, e aquele hip hop que é de praxe dos caras. Ill Communication e Check Your Head pra mim são discos bem parecidos, parecendo que um é continuação do outro. Mas talvez a produção do Check Your Head tenha deixado tudo muito mais fresco. Cansei de pegar preferidas, eu tenho um apreço especial por esses discos.

eu comprei uma camiseta com essa foto não tem 3 meses, hehe

Acho que são esses meus discos preferidos dos Beastie Boys. Comprei Paul's Boutique (que todo mundo fala que é revolucionário e bla bla bla bla bla, é legal mas exageram)  e Licensed to Ill também (bom disco de rap old old old school). Não gostei de to the 5 boroughs, e adorei  The Mix Up (só de instrumentais).

Durante muito tempo procurei videos e outras diversidades raras dos Beastie Boys, e hoje em dia é incrível o que se pode achar no youtube por exemplo. Tem um show de Glasgow de 1999 que a MTV exibiu algumas vezes na época, e era ótimo. Procurei por anos, e agora ele é facilmente achável na internet. Entre outras paradas que até os próprios caras devem ficar impressionados quando acham.

Enfim, vão-se os músicos ficam suas músicas.

Adios MCA.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

19

a cada ano que passa eu tenho mais a impressão de que NINGUÉM gosta realmente de carnaval.

eu? olha, já fui um hater da festa, hoje em dia simplesmente não ligo. conheço pessoas que dizem se amarrar em carnaval, mas nunca parece ser sincero. posso fazer a pergunta "e aí, o que você gosta tanto no carnaval?" e vou arrumar respostas diversas:

- A BEBIDA!
- AS MULHERES PELADAS!
- é a única época do ano que eu transo.
- AI NÃO SEI, EU SÓ GOSTO!

essa última em particular me parece ser a mais esdrúxula. como assim você não sabe? como você pode gostar de algo sem nem saber o porquê? é pela tradição? porque você é brasileiro? porque você TEM que gostar? não sei, tem várias coisas no mundo que eu não entendo.

mas assim, eu generalizo. algumas pessoas parecem gostar realmente de carnaval, de forma genuína. isso eu respeito, quando uma pessoa tem um gosto específico sincero. me lembro da época que estagiei em laboratório de analises clínicas, tive contato com responsáveis por vários setores e minha pessoa preferida foi a farmacêutica responsável pelas analises microbiológicas. ótima pessoa, dava pra perceber que era uma pessoa genuinamente feliz, e não alguém que passa pela vida se enganando (você deve saber do que eu falo). ela realmente gostava de carnaval, percebi isso. gostava da festa em sí mesmo, das músicas, de ver os amigos pelas praças... não questiono esse gosto por parte dela, eu também tenho gostos bem meus que ela provavelmente não gostaria. ela provavelmente se sentiria muio desconfortável num show do ratos de porão, por exemplo.

ainda assim eu sinto que a grande maioria vai pela onda. por isso param de gostar depois de certa idade, quando arrumam filhos e casamentos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

18

Pouco tempo atrás eu tive esse sonho onde eu era um músico de pouco mais de 50 anos em uma banda. Em determinado ponto do show eu iria cantar uma música solo onde meus companheiros de banda tocariam os instrumentos e ia ter um DJ atrás mandando uns samples. Era pra ser um tipo de rap e eu ia usar uns pedais junto com os microfones pra mandar uns efeitos na voz e tudo o mais.

Nesse ponto do show eu pego o microfone eu vou pra frente do palco, e falo alguma coisa pra platéia que os faz saber qual era a música do momento. Todos vão à loucura, vejo pessoas exageradamente excitadas com a expectativa. Quando a música começa eu começo a mandar minhas melhores rimas com o melhor flow possível, mas as pessoas só me olham com seriedade, não sei dizer se elas estão gostando ou não. A banda nunca tocou tão bem, tudo tá no lugar e eu tento incitar a platéia a participar mais, mas todos os milhares de pares de olhos apenas me olham como que hipnotizados. Na verdade não sei se a palavra certa seria hipnotizados, a platéia parecia me comer com os olhos.

Decido mergulhar entre eles pra ver o que acontece, e ver se desperto alguma reação. Onde eu pulo sou levantado, mas nada além disso, e o resto da platéia segue parado e me mirando com os olhos. Luto um pouco e volto para o palco onde eu continuo cantando até perder completamente a vontade. Quando paro, as pessoas seguem me olhando da mesma forma e assim continuam. Eu não suporto mais isso e saio do palco até meu camarim, onde me sento. O show terminou.

Meus companheiros de banda aparecem logo depois e começam a me perguntar o que tinha acontecido. Eu perguntei se eles não tinham reparado na ação da platéia, e que não consegui aguentar todos aqueles olhos inexpressivos em cima de mim, não demonstrando nem rejeição e nem aceitação. Meus companheiros não me entendem muito bem, apenas se olham confusos, até que um deles se vira e fala.

"Só hoje você percebeu isso? Todos os nossos shows sempre foram assim."

Sim, era verdade. Todos os shows tinham sido assim até hoje. Não só os daquela banda, mas de todas as bandas do mundo. Minha percepção que era diferente até aquela noite.